Após o lançamento oficial do Pix Automático nesta quarta-feira, o Banco Central (BC) revelou planos ambiciosos para os próximos meses, incluindo o aprimoramento do sistema de devolução de dinheiro para vítimas de golpes. As novas ferramentas e atualizações visam tornar o Pix ainda mais seguro e abrangente para milhões de brasileiros.
Durante coletiva de imprensa em São Paulo, o diretor de Organização do Sistema Financeiro do BC, Renato Gomes, afirmou que uma versão 2.0 do Mecanismo Especial de Devolução (MED) começará a operar em dezembro, com adesão opcional pelos bancos. A partir de fevereiro de 2026, a nova versão do MED será de uso obrigatório para todas as instituições financeiras.
Na modalidade atual, um cliente que teve recursos retirados da conta por Pix de forma fraudulenta pode acionar o MED por meio do banco. O mecanismo rastreia a conta de destino e, caso o dinheiro ainda esteja disponível, ele é bloqueado para devolução ao cliente prejudicado. No entanto, Gomes apontou a principal limitação da versão atual: “os recursos geralmente são transferidos para uma conta e imediatamente repassados para outras, inviabilizando o bloqueio”. Por conta disso, a recuperação de recursos por meio do MED atinge apenas 7% dos fundos.
Com o MED 2.0, a expectativa é que a situação mude drasticamente. “Será possível congelar e devolver recursos que estiverem em níveis mais baixos — ou seja, dinheiro que foi para outras contas após a transferência original”, explicou Gomes, prometendo uma ferramenta mais robusta contra o repasse rápido de valores em casos de fraude.
Pix Automático: Pagamentos Recorrentes Mais Simples e Acessíveis
O Pix Automático, lançado oficialmente nesta quarta-feira pelo Banco Central, começará a ser oferecido a todos os consumidores a partir de 16 de junho. Essa nova modalidade tem como foco principal os pagamentos de contas recorrentes, como as de energia, água, mensalidades escolares ou serviços de streaming. A dinâmica é simples: a empresa realiza a cobrança com os valores e as datas combinadas com o consumidor, que só precisa autorizar o débito.
Essa funcionalidade se diferencia da categoria Pix Agendado Recorrente, na qual o próprio cliente cadastra no banco o valor fixo e as datas dos pagamentos.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, destacou o potencial de inclusão do Pix Automático, especialmente para quem não tem acesso facilitado ao cartão de crédito:
“Quem vai poder ter o melhor controle das suas contas e poder fazer esse acompanhamento de maneira adequada, também com menor custo. 60 milhões de pessoas que hoje não têm um cartão de crédito vão poder ter acesso a uma série de serviços, uma série de facilidades.”
Renato Gomes também ressaltou que o Pix Automático pode beneficiar empresas de todos os portes:
“Se uma empresa quer realizar um débito automático, ela precisa essencialmente fazer um acordo bilateral com o banco, e esses acordos são custosos. Então, no final das contas, majoritariamente, as empresas grandes realizam esses acordos com os bancos grandes. Então, o Pix Automático vai permitir que empresas menores tenham acesso a esse serviço, podendo atingir clientes de todas as instituições financeiras.”
É importante notar que os pagamentos do Pix Automático podem ser cancelados a qualquer momento. O serviço é gratuito para os pagadores, mas as empresas recebedoras podem ser taxadas. Para oferecer o Pix Automático, as empresas devem possuir CNPJ ativo há pelo menos seis meses.