As exportações brasileiras para os Estados Unidos sujeitas às novas sobretaxas caíram 25,7% em setembro de 2025, na comparação com o mesmo mês de 2024, segundo o Monitor do Comércio Brasil-EUA, elaborado pela Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio). O recuo é superior à média geral de retração do comércio, que foi de 20,3%.

Em contrapartida, os produtos isentos de sobretaxas registraram alta de 12,3% nas vendas, impulsionadas principalmente pelo petróleo e seus derivados. Ainda assim, setembro foi o pior mês do ano para o comércio bilateral desde o início das restrições americanas.

“Os dados reforçam o impacto das tarifas sobre as exportações brasileiras. A retração pode se intensificar nos próximos meses, e o diálogo entre os governos será essencial para reequilibrar o comércio”, afirmou Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil.

A entidade destacou que o telefonema entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, realizado no dia 6 de outubro, foi um passo importante para construir soluções negociadas e reduzir as perdas impostas pelas tarifas.

📊 Balanço do comércio bilateral

No acumulado de 2025, as exportações industriais brasileiras para os EUA atingiram US$ 23,3 bilhões, um recorde histórico, embora com crescimento modesto de 0,4% em relação ao ano anterior. O setor industrial responde por 16,2% do total exportado pelo Brasil, à frente do Mercosul (US$ 17,9 bilhões) e da União Europeia (US$ 16,8 bilhões).

Enquanto isso, as importações de produtos americanos cresceram 11,8%, ampliando o superávit dos EUA para US$ 5,1 bilhões, número 287% maior que o registrado em 2024.

A Amcham alertou que a manutenção das sobretaxas ameaça reduzir o volume total da corrente de comércio, que, apesar de ter alcançado US$ 63,5 bilhões, já apresenta sinais de desaceleração.