
O endividamento público brasileiro deve continuar em alta nos próximos anos e atingir 82,4% do PIB em 2026, segundo projeção da Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado Federal. O estudo, intitulado “Endividamento público e tributação”, prevê que a dívida encerrará 2025 em 77,6% do PIB, mantendo uma trajetória crescente até 2035.
A análise da IFI considera um cenário de déficit primário recorrente, com base nas regras fiscais atuais, juros reais de 5,1% ao ano e crescimento econômico médio de 2,2%. De acordo com o relatório, seria necessário um superávit primário de 2,1% do PIB para estabilizar a dívida — o que está distante da realidade fiscal atual.
Com a queda da Medida Provisória 1.303, que previa aumentar a arrecadação, o rombo estimado para 2026 deve alcançar R$ 20 bilhões.
O diretor-executivo da IFI, Marcus Pestana, fez um alerta sobre a necessidade de ajuste estrutural:
“O céu não é o limite para o gasto público. Mais cedo ou mais tarde, o problema terá que ser enfrentado. Trocar despesa presente por dívida futura tem impacto direto nas próximas gerações”, destacou.
O relatório explica que as ações do governo são financiadas por tributos e endividamento, e que essas fontes estão se aproximando do limite de sustentabilidade. Com a carga tributária já em 32,14% do PIB, o espaço para aumento de impostos é restrito, e o crescimento da dívida pública pressiona ainda mais o orçamento.
A IFI alerta que, sem correções, o Brasil pode entrar em um ciclo de deterioração fiscal que comprometerá investimentos, políticas públicas e o equilíbrio das contas do Estado.