A decisão do Banco Central de elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, levando a Selic para 15% ao ano, o maior nível desde 2006, foi recebida como um sinal claro de cautela diante do cenário econômico brasileiro.
Para o economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, a medida indica que a autoridade monetária está preocupada com diversos fatores que continuam pressionando a economia.
“A decisão é sinal de um Banco Central preocupado. Agora, quais são os motivos que o fazem ficar cauteloso? A gente ainda tem inflação de serviços muito elevada, mercado de trabalho aquecido, expectativas de inflação muito pressionadas. Então é um Banco Central que sinaliza um processo ainda de juros elevados”, avalia Padovani.
Mais do que isso, segundo o economista, a sinalização mais forte foi a de que o ciclo de elevação chegou ao fim – pelo menos por enquanto. “Ele sinaliza que encerrou o ciclo e deve manter essa taxa básica parada por um longo período, e a gente imagina que até o começo do ano que vem. Caso a situação em termos de crescimento e inflação continue pressionada, ele voltará a subir a taxa de juros”, completa.
A preocupação agora se volta para os efeitos desse patamar sobre a economia real. Famílias e empresas, já bastante endividadas, devem sentir ainda mais os efeitos do crédito caro e restrito.
“Portanto, é uma comunicação bastante conservadora. Essa taxa elevada encontra famílias e empresas muito endividadas, então a gente tem ainda pela frente um cenário de crédito bastante apertado”, finaliza Padovani.