A líder do conselho de administração do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, solicitou ao presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo, que evite antecipar ao mercado a sinalização de novos aumentos na taxa de juros. Segundo Trajano, as micro, pequenas e médias empresas, essenciais para a geração de empregos no país, estão enfrentando grandes dificuldades para se manterem em um cenário de juros elevados.

“Quero falar em nome do setor varejista, porque o comércio é o primeiro a sentir o impacto e o primeiro a reagir. As pequenas e médias empresas não têm mais condições de sobreviver dessa forma. E são elas que sustentam a geração de empregos”, afirmou a empresária nesta sexta-feira (14), durante um evento promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Trajano destacou a urgência de uma mudança na postura do Banco Central no enfrentamento da inflação. "[Quero] pedir para ele [Galípolo] por favor não comunicar mais que vai ter aumento de juros, porque isso já desorganiza tudo desde o início", disse em tom descontraído, enviando um recado ao presidente do BC.

Na última reunião, em janeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic para 13,75% ao ano, reafirmando a intenção de promover um aumento de mesma magnitude em março. Contudo, o comitê não se comprometeu com novos reajustes a partir de maio.

A empresária sugeriu que o BC "pense fora da caixa", priorizando alternativas para conter a inflação que não passem, necessariamente, pelo aumento da taxa de juros. No entanto, ela não mencionou nenhuma medida específica.

Não foi a primeira vez que a dona do Magalu fez um apelo público por redução dos juros. Em junho de 2023, durante um evento com o então presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a empresária reiterou seus argumentos e afirmou que continuaria insistindo na queda da Selic. Na ocasião, Campos Neto ressaltou que a redução da taxa é uma decisão técnica, necessária para o controle da inflação.