Nesta terça-feira (5) teve início o principal encontro do setor metroferroviário da América Latina, realizado integralmente na plataforma NT Expo. Trata-se do NT Expo Xperience 2021, que tem como objetivo principal promover o debate sobre o atual cenário e o futuro deste mercado no país.
O setor metroferroviário experimenta um dos mais promissores momentos da história no território nacional. Foi o que confirmou o diretor do departamento de transporte ferroviário do Ministério da Infraestrutura, Ismael Trinks, durante a abertura do evento virtual, às 10 horas desta terça-feira. "Estamos vivenciando uma revolução no setor, algo nunca visto antes no país, o que é indiscutivelmente importante para fazer a roda da economia voltar a girar no Brasil. Essa, na verdade, é a maior vitória deste governo e de todos os outros, quando avaliado o setor ferroviário nacional".
Isso porque, segundo Trinks, o atual governo encontrou alternativas para desviar dos obstáculos impostos por um orçamento público que só obteve decréscimos nos últimos anos - resultando em um baixo volume de investimentos e em uma rede de transportes ferroviários menos extensa. "Se avaliarmos o histórico de investimentos em infraestrutura como um todo no Brasil, vemos que na década de 80 e 90 os aportes chegavam a 2% do PIB do país. No entanto, com o passar dos anos, este percentual começou a cair de forma abrupta. Em 2020, por exemplo, chegava a apenas 0,5% do PIB. Quando comparado a outros países de dimensões continentais, como China e Estados Unidos, logo percebemos que estamos muito aquém do necessário" afirmou.
De acordo com Trinks, o mesmo ocorre quando se analisa a matriz de transportes brasileira e se nota que o país ainda é muito dependente do modal rodoviário. "A infraestrutura nacional não acompanhou a evolução dos setores logístico e de transporte e não considerou modais mais eficientes. Em todos os outros países, essa relação é mais bem distribuída e é isso que estamos buscando, equilibrar a matriz de transportes brasileira, até porque há muitas oportunidades de investimentos no mercado".
Para isso, diz ele, o governo federal está avaliando alternativas para levantar os aportes necessários ao setor metroferroviário brasileiro e o melhor caminho encontrado no momento é por meio da iniciativa privada. "Neste sentido, atuamos em três pilares: um deles é através das prorrogações antecipadas das concessões ferroviárias, com o intuito de antecipar os investimentos no setor sem precisar esperar mais cinco anos para o fim dos contratos - algo que já fizemos com a Ferrovia Malha Paulista, da Rumo, e com as duas concessões da Vale, das Estradas de Ferro Carajás e Vitória-Minas. Seguimos o mesmo caminho com as ferrovias da MRS e da VLI Logística e encaminharemos os respectivos pedidos de renovação de ambas ao TCU até dezembro deste ano", acrescentou.
Outro pilar de atração de recursos privados é a implantação do modelo de investimentos cruzados, no qual trechos de ferrovias serão construídos pela iniciativa privada, sem custos ao governo. "Temos dois projetos de captação avançados neste sentido: um deles é para o segundo trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL 2) e o outro para o primeiro trecho da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FICO 1)", salientou.
O terceiro e último pilar é o da permissão para a construção de novas ferrovias via autorizações ferroviárias, de maneira mais célere e simplificada, sem a necessidade da realização de leilões de concessões. "Tivemos uma grata surpresa com essa medida, pois recebemos 14 requerimentos para a construção de novas ferrovias ao redor do Brasil em apenas um mês (a iniciativa foi lançada no início de setembro). Com isso, elevamos a expectativa de investimentos privados ao setor para R$ 82 bilhões e de aumento da malha ferroviária em 5.435 km. Sem contar outros cinco requerimentos que recebemos mais recentemente, que já estão em análise e, se aprovados, podem levar os aportes ao total de R$ 100 bilhões e a extensão das novas ferrovias a quase 6 mil km", concluiu.
Nova Política para o Setor Metroferroviário - Quem também participou do primeiro bloco de conteúdos do NT Expo Xperience 2021 foi o vice-presidente do SIMEFRE (Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários), Mássimo Bianchi, que abordou o tema "Nova Política para o Setor Metroferroviário".
Segundo ele, em uma iniciativa conjunta, o SIMEFRE e a ABIFER (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária) estão relançando o Programa Brasil Trem Jeito, que tem como objetivos principais contribuir para um melhor desenvolvime