O governo dos Estados Unidos estima investimentos de US$5 trilhões para movimentar a economia do país até 2030. A expectativa inclui os recursos do próprio governo em três grandes programas e também os investimentos privados, que chegam a reboque da iniciativa governamental. “O momento não poderia ser melhor para a aproximação entre o Brasil e os Estados Unidos, quando completamos 200 anos de relações comerciais. E as empresas catarinenses estão atentas a esse movimento”, destacou o ministro interino da Seção Comercial da Embaixada norte-americana no Brasil, Joel Reynoso. Na última década, Santa Catarina foi o estado brasileiro que teve o maior crescimento nos investimentos nos Estados Unidos, saindo de 2% para 10%.
O interesse das indústrias catarinenses na internacionalização para os Estados Unidos e também nas exportações para o mercado norte-americano é um fato já consumado. O presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Mario Cezar de Aguiar, lembrou que os EUA são o destino principal das exportações de produtos manufaturados produzidos no estado.
No Select USA, evento do Departamento de Comércio dos EUA realizado com suporte do consulado dos EUA no Brasil nesta sexta-feira (2/2) em Florianópolis, cerca de 200 empresários catarinenses puderam conhecer os cases de internacionalização da Tupy - primeira empresa brasileira a abrir uma subsidiária nos EUA -, da WEG, da SoftExpert e também da Schaefer Yachts. Também ouviram a experiência da Whirlpool, subsidiária da gigante norte-americana que fez o caminho inverso, e investiu no estado com a operação da Consul. “Eventos como esses dão uma direção para empresas que buscam a exportação e a internacionalização. É uma oportunidade ímpar conhecer a trajetória de outras empresas para se inspirar”, afirmou Aguiar.
Trilhões em oportunidades
O especialista em internacionalização do consulado geral dos Estados Unidos, André Leal, destacou que os três programas de investimentos do governo dos EUA podem gerar oportunidades de negócios relevantes para empresas que desejam acessar o mercado norte-americano. “Esse é um momento raro na história americana, com investimentos que podem chegar a US$ 5 trilhões em uma década. Empresas que atuam nos segmentos de infraestrutura, por exemplo, podem se beneficiar dos incentivos do governo dos EUA por meio do Acordo Bipartidário de Infraestrutura, aprovado em 2021”, salientou.
O segundo programa em destaque também abre portas para empresas brasileiras em um segmento que tem atraído muita atenção, os negócios que favorecem a descarbonização e geração de fontes renováveis de energia. Os investimentos previstos para reduzir a emissão de carbono dos EUA em 40% até 2030 chegam a US$430 bilhões. O programa que incentiva empresas a produzirem semicondutores em território norte-americano também é uma oportunidade de negócios indireta para empresas brasileiras.
Experiências catarinenses
De origem catarinense, a Tupy hoje é líder mundial no mercado de componentes estruturais. E o mercado norte-americano tem um papel significativo nesta conquista. “Cerca de 60% da receita externa da Tupy vem dos Estados Unidos. Temos 18 clientes lá, e somos parceiros estratégicos desses negócios, desenvolvendo produtos em conjunto, ou customizando. Temos 300 produtos diferentes no mercado norte-americano e em praticamente todos somos o único fornecedor no mundo”, explicou o CEO da empresa, Fernando Rizzo.
A WEG, nascida em Jaraguá do Sul, fez sua primeira exportação nos anos 70 e os Estados Unidos foram o primeiro país a receber uma filial comercial da fabricante de motores e transformadores elétricos fora do Brasil. ”Somos hoje a segunda maior empresa no segmento de motores de baixa tensão no mercado norte-americano e a terceira maior em transformadores elétricos”, destacou o diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais, Daniel Godinho.
Na via contrária, a Whirlpool viu na catarinense Consul uma oportunidade para acessar tecnologia e um mercado com enorme potencial de crescimento. “Estamos desde 1997 no Brasil, e hoje somos o segundo mercado mais relevante para a Whirlpool, atrás apenas dos EUA. A partir da operação no Brasil, hoje desenvolvemos produtos para vários países. Nossa parceria com a UFSC nos Laboratórios de Pesquisa em Refrigeração e Termofísica (Polo) nos permite exportar conhecimento”, afirmou o diretor de relações institucionais da Whirlpool, Eduardo Vasconcelos.
Desafios
O tamanho do mercado norte-americano, a facilidade de se fazer negócios e uma cultura e valores similares contribuem para a atratividade dos EUA como destino dos projetos de internacionalização. Mas nem tudo são flores, conforme destacou Ricardo Lepper, Presidente SoftExpert. “É preciso se planejar, ter um produto realmente inovador e preços competitivos. Os americanos buscam muitas referências, querem saber quem são seus outros clientes e sempre buscam o melhor. Na hora de desenvolver seu produto, leve em conta as necessidades deles e inove”, recomendou. Desde 2019 atuando no mercado dos EUA, a SoftExpert tem clientes nos mais diversos segmentos, incluindo a área de Defesa aérea, considerada estratégica para o país.
Para Maurício Schaefer, fundador da Schaefer Yachts, desenvolver produtos pensando nas necessidades do mercado norte-americano é essencial para o sucesso das empresas que pretendem expandir seus negócios. “Vale a pena investir em novos produtos focados nos EUA, pois eles são uma vitrine para o mundo. Abre possibilidades de negócios em outras partes do mundo. A percepção é de que se você é bem sucedido lá, seu produto é bom e sua empresa é confiável”, destacou.
Fonte: Fiesc