sexta, 19 de abril de 2024
12/11/2021 09:35

Majoração do gás natural reduzirá a competitividade da indústria cerâmica. Empresas de Santa Catarina devem ser impactadas

Setor depende muito do combustível, pelo qual optou para ampliar o grau de sustentabilidade da produção nacional

O risco de a Petrobras aumentar, de duas a quatro vezes, o preço do gás natural em 2022, nos novos contratos em negociação com as concessionárias estaduais, preocupa muito o setor representado pela Anfacer (Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres), pois o insumo representa 30% dos seus custos de produção. "Portanto, o impacto da majoração seria grande na competitividade de nossa indústria, tanto no mercado interno, com elevação de preços e queda na demanda, quanto no comércio exterior, prejudicando a meta de consolidar o Brasil como um dos maiores exportadores do produto", alerta Benjamin Ferreira Neto, presidente do Conselho de Administração da entidade.

Uma das preocupações do setor, que gera 28 mil empregos direto em 71 unidades fabris espalhadas pelo Brasil, é com a possível necessidade de fechamento de postos de trabalho. "Já vínhamos sendo afetados pela elevação do custo de energia elétrica e constantes aumentos no preço da molécula de gás", resume o dirigente, que lembra que a Petrobras já reajusta trimestralmente o valor cobrado pelo insumo. Ferreira Neto explica que uma majoração contratual na escala proposta pela Petrobras terá de ser repassada ao consumidor final. "Isto, somado à corrosão da renda dos brasileiros pela inflação, certamente afetará a demanda. A possibilidade de demissão é real caso esse cenário se confirme", projeta.

Lembrando que o segmento de cerâmica é o segundo maior consumidor de gás natural na indústria brasileira, Ferreira Neto enfatiza os ganhos ambientais de sua utilização, que foi uma opção responsável do setor quanto à sustentabilidade. "Ao adotarmos esse combustível, contribuímos para evitar a emissão de 4,6 milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera, em dez anos, de 2006 a 2016. É como salvar do desmatamento uma área de florestas equivalente a 8.861 campos de futebol ou reduzir a emissão de mil carros percorrendo 876 voltas ao redor da Terra", compara, para dimensionar os danos que uma eventual majoração de 100% ou 200% poderia causar na atividade.

O dirigente recorda, ainda, que a Anfacer foi uma das protagonistas na longa trajetória que culminou com a promulgação da Lei do Gás, avanço que deveria reduzir os custos, mas ainda sem efeitos práticos. "Em nosso país, o insumo já é muito mais caro do que em outras nações e na média do mercado global, impactando nossa competitividade", ressalta Ferreira Neto. Portanto, seria impraticável a majoração nos percentuais cogitados para o próximo ano. "Por isso, já estamos nos mobilizando para tratar da questão com outras entidades do nosso setor e do gás", informa.

Para entender a questão

Segundo notícias divulgadas pela imprensa, a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) revelou que a Petrobras propôs aumentar o preço do gás natural entre duas e quatro vezes, no próximo ano. A majoração seria aplicada nos novos contratos que está negociando com as concessionárias estaduais. Por isso, essa entidade pretende entrar com representação no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) contra a petroleira, com o propósito de que as bases dos contratos vigentes sejam mantidas.

Há expectativa de que algumas distribuidoras consigam melhores condições contratuais com os novos fornecedores entrantes no mercado brasileiro. No entanto, na maioria dos estados a Petrobras ainda é a principal alternativa de suprimento.




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