A Arábia Saudita, maior compradora do frango brasileiro no exterior, barrou a importação de cinco frigoríficos no país e a decisão também impacta em Santa Catarina, onde estão instalados dois destes frigoríficos. A movimentação do Complexo Portuário do Itajaí pode ser afetada pela medida, uma vez que a exportação de frango representou, em 2018, 28% da movimentação dos portos de Itajaí e Navegantes. Segundo informação da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), são indústrias que exportam frango griller, uma ave de pequeno porte, com menos de um quilo. Segundo relação divulgada pela Acav, em Santa Catarina continuam habilitadas as plantas fabris da BRF em Capinzal e Videira, e da Seara Alimentos em Itaiópolis, Itapiranga e Ipumirim. Antes eram sete unidades habilitadas.
Segundo a Acav, não se trata de um embargo. Em meio ao impasse que envolveu as exportações após o escândalo da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, a Arábia Saudita não concluiu no ano passado a certificação de todas as indústrias das quais compra aves. Em decorrência disso, segundo a entidade, algumas indústrias deixaram de renovar o certificado. Também não se descartam, no entanto, as questões de proteção de mercado. A Arábia Saudita estaria tentando reduzir a quantidade de importações.
No entanto, nos bastidores fala-se que a suspensão seria uma resposta do país à intenção do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de transferir a embaixada brasileira de Israel para Jerusalém. A Acav e a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) negam que o motivo seja esse, enquanto o secretário-geral da Liga Árabe, Arm Moussa, diz que a retaliação tem viés político contra o governo brasileiro. Segundo Moussa, "o mundo árabe está enfurecido (com o Brasil), e essa é uma expressão de protesto contra uma decisão errada por parte do país". O Brasil é hoje o maior exportador de frango halal do mundo. Somente para a Arábia Saudita, foram 486 mil toneladas no ano passado.